Sete menos um quarto. Cheguei antes da hora combinada mas pode ser que tenha sorte...Tentei rodar a chave mas a fechadura não cedeu. Tentei novamente mas não deu sinal de fraqueza.
Trocou a fechadura, tinha de me sujeitar àquela humilhação. As mulheres são mesmo ... são todas assim. Um gajo dava-nos cabo dos cornos mas elas dão-nos cabo da cabeça. E sabem sempre onde atacar, nunca há cá kicks ou upercuts, é sempre em cheio, no centro, onde dói mais.
Ainda demorou mas lá veio abrir a porta. Um só movimento. Abrir a porta, afastar-se e apontar para o sofá. Mal dava para ver na penumbra que ela tinha o vestido verde. Não era uma roupa ao acaso, ficava linda com ele. Já se esta a ver que queria ficar por cima e sair em grande. Não me importei mas olhei demoradamente o contorno do peito, mais do que queria. Ela deu conta e lá no fundo ficou contente. Contente talvez seja uma má palavra! Ficou feliz. Mas fingiu não se importar, com aquele tão conhecido desprezo feminino. Apontou novamente para o sofá e desta vez segui com o olhar o braço até ao indicador. Lá estava em cima do sofá, onde tantas vezes estivemos juntos, a caixa com tudo o que era meu e estava em casa dela, tudo o que lhe dei e até algumas coisas que compramos juntos. A nossa vida de ano e meio. Uma caixa de cartão.
Perguntei se era só aquilo e ela acenou em confirmação.
- Pensavas que eram mais coisas?
- Sim. Pensei.
- Não te preocupes que não fiquei com nenhuma merda tua nem nada que te diga sequer respeito.
- Calma. Não precisamos de acabar assim.
- Não?
- Não. Podemos voltar a tentar...
- Como?
- Podemos voltar a tentar.
Os olhos ficaram maiores e brilhantes, e depois percebi que afinal não ia ter sorte. Não valeu a pena ter vindo mais cedo, não ia ter direito àquela última volta de despedida de que toda a gente fala. Será que alguém teve direito a ela?
- Sai daqui.
- Calma.
- Calma. Só sabes dizer isso? Sai daqui imediatamente! Sai!
Agarrei-lhe um braço e depois o outro. Tentei roubar um beijo mas só consegui uma ferida no lábio. Não foi mau. Há feridas que valem a pena e sempre era uma recordação.
- Larga-me! Besta!
Soltei-a, ela esfregou um pouco os pulsos e dirigiu-se para a porta e apontou novamente mas agora para o corredor do prédio, tentando manter-se inteira. Apanhei a caixa e fui para a porta.
- Queres mesmo acabar?
- Tu deves estar a brincar comigo. Sai da minha casa imediatamente! Nunca mais te quero ver.
- Adeus.
- Adeus, filho da puta.
Sai e ouvi a porta a bater num estrondo. Sete horas. Ainda dá tempo de ir a casa tomar um banho e trocar de roupa para ir para a despedida de solteiro. Pela noiva ainda se espera, mas pelo noivo...
Trocou a fechadura, tinha de me sujeitar àquela humilhação. As mulheres são mesmo ... são todas assim. Um gajo dava-nos cabo dos cornos mas elas dão-nos cabo da cabeça. E sabem sempre onde atacar, nunca há cá kicks ou upercuts, é sempre em cheio, no centro, onde dói mais.
Ainda demorou mas lá veio abrir a porta. Um só movimento. Abrir a porta, afastar-se e apontar para o sofá. Mal dava para ver na penumbra que ela tinha o vestido verde. Não era uma roupa ao acaso, ficava linda com ele. Já se esta a ver que queria ficar por cima e sair em grande. Não me importei mas olhei demoradamente o contorno do peito, mais do que queria. Ela deu conta e lá no fundo ficou contente. Contente talvez seja uma má palavra! Ficou feliz. Mas fingiu não se importar, com aquele tão conhecido desprezo feminino. Apontou novamente para o sofá e desta vez segui com o olhar o braço até ao indicador. Lá estava em cima do sofá, onde tantas vezes estivemos juntos, a caixa com tudo o que era meu e estava em casa dela, tudo o que lhe dei e até algumas coisas que compramos juntos. A nossa vida de ano e meio. Uma caixa de cartão.
Perguntei se era só aquilo e ela acenou em confirmação.
- Pensavas que eram mais coisas?
- Sim. Pensei.
- Não te preocupes que não fiquei com nenhuma merda tua nem nada que te diga sequer respeito.
- Calma. Não precisamos de acabar assim.
- Não?
- Não. Podemos voltar a tentar...
- Como?
- Podemos voltar a tentar.
Os olhos ficaram maiores e brilhantes, e depois percebi que afinal não ia ter sorte. Não valeu a pena ter vindo mais cedo, não ia ter direito àquela última volta de despedida de que toda a gente fala. Será que alguém teve direito a ela?
- Sai daqui.
- Calma.
- Calma. Só sabes dizer isso? Sai daqui imediatamente! Sai!
Agarrei-lhe um braço e depois o outro. Tentei roubar um beijo mas só consegui uma ferida no lábio. Não foi mau. Há feridas que valem a pena e sempre era uma recordação.
- Larga-me! Besta!
Soltei-a, ela esfregou um pouco os pulsos e dirigiu-se para a porta e apontou novamente mas agora para o corredor do prédio, tentando manter-se inteira. Apanhei a caixa e fui para a porta.
- Queres mesmo acabar?
- Tu deves estar a brincar comigo. Sai da minha casa imediatamente! Nunca mais te quero ver.
- Adeus.
- Adeus, filho da puta.
Sai e ouvi a porta a bater num estrondo. Sete horas. Ainda dá tempo de ir a casa tomar um banho e trocar de roupa para ir para a despedida de solteiro. Pela noiva ainda se espera, mas pelo noivo...