Na minha rua, eu e os meus vizinhos, temos assistido a uma amizade, no mínimo estranha. Um cão e um cavalo. Surgem do nada, descem a rua e dirigem-se aos terrenos vazios. O cavalo pasta sob a vigilância atenta de um velho pastor alemã e ambos apresentam aquelas peladas de abandono. Um não vai para lado nenhum sem o outro.
O cão vem sempre à frente, inspeccionando o caminho, se avistar alguém começa a ladrar e o cavalo estaca na posição em que estiver. No passeio, sempre pelo passeio. Depois voltam a carga, o cão sempre à frente, claro, até chegar aos verdes.
Enquanto o cavalo escanzelado se alimenta o cão estaciona na sua posição de segurança e ninguém se pode aproximar sem ouvir uns latidos ameaçadores que afastam os mais curiosos. Isto acontece de manhã, de tarde e infelizmente de noite. De noite. Os cascos do cavalo ecoam pelos paralelos directamente para os ouvidos dos habitantes, e, os latidos do cão ao menor sinal de movimento ou passagem de veículos (já de si menos silenciosos) acabam com o sono descansado de qualquer um.
A revolta contra esta parelha começou a nascer aos pouquinhos entre as comadres. De coisa invulgar e com uma certa piada passou ser olhada com outros olhos e as vozes das comadres chegaram aos compadres. E compadre que se preze não quer cá coisas esquisitas na sua rua! Ainda por cima daquelas que tiram o sono e fazem as comadres ficarem rezingonas!
Foi organizado um grupo de ataque, e, um plano de acção. O Zé da barbearia, o Carlos da Loja, a Benilde das limpezas e João carpinteiro decidiram que o cavalo era muito grande para darem cabo dele sem darem muito nas vistas pelo que se viraram para o comparsa maligno, e, além do mais toda a gente sabia que o cavalo não ia a lado nenhum sem ele. Sem pastor não havia cavalo. Lançaram o isco. Um suculento bife cozinhado em veneno, daquele foleiro mas concentrado. O cão morreu logo ali no passeio. O cavalo ainda o tentou acordar mas no fim de algumas horas resignou-se. O brilho dos olhos negros era um pouco mais brilhante e mais triste. Nunca mais saiu daquele campo.
O cão vem sempre à frente, inspeccionando o caminho, se avistar alguém começa a ladrar e o cavalo estaca na posição em que estiver. No passeio, sempre pelo passeio. Depois voltam a carga, o cão sempre à frente, claro, até chegar aos verdes.
Enquanto o cavalo escanzelado se alimenta o cão estaciona na sua posição de segurança e ninguém se pode aproximar sem ouvir uns latidos ameaçadores que afastam os mais curiosos. Isto acontece de manhã, de tarde e infelizmente de noite. De noite. Os cascos do cavalo ecoam pelos paralelos directamente para os ouvidos dos habitantes, e, os latidos do cão ao menor sinal de movimento ou passagem de veículos (já de si menos silenciosos) acabam com o sono descansado de qualquer um.
A revolta contra esta parelha começou a nascer aos pouquinhos entre as comadres. De coisa invulgar e com uma certa piada passou ser olhada com outros olhos e as vozes das comadres chegaram aos compadres. E compadre que se preze não quer cá coisas esquisitas na sua rua! Ainda por cima daquelas que tiram o sono e fazem as comadres ficarem rezingonas!
Foi organizado um grupo de ataque, e, um plano de acção. O Zé da barbearia, o Carlos da Loja, a Benilde das limpezas e João carpinteiro decidiram que o cavalo era muito grande para darem cabo dele sem darem muito nas vistas pelo que se viraram para o comparsa maligno, e, além do mais toda a gente sabia que o cavalo não ia a lado nenhum sem ele. Sem pastor não havia cavalo. Lançaram o isco. Um suculento bife cozinhado em veneno, daquele foleiro mas concentrado. O cão morreu logo ali no passeio. O cavalo ainda o tentou acordar mas no fim de algumas horas resignou-se. O brilho dos olhos negros era um pouco mais brilhante e mais triste. Nunca mais saiu daquele campo.